terça-feira, 29 de maio de 2012

O Estilo Rita Pereira


Não vamos mostrar partes do corpo da Rita Pereira que ainda ninguém tenha visto, não quisemos saber se está apaixonada ou se tem um novo namorado, mas ficámos a saber que parte de si é que Rita Pereira quer mesmo mostrar mais: o seu talento.

Quando Rita Pereira chegou ao estúdio do fotógrafo Gonçalo Claro, apercebemo-nos rapidamente da sua simpatia. Com o avançar da sessão fotográfica e da entrevista, percebemos também que não é apenas uma cara e um corpo bonito com direito a horário nobre. É responsável, profissional e tem noção que um passo em falso pode pôr em risco a sua credibilidade e o seu trabalho, num país que se diz ainda de brandos costumes.

Isso é notório na maneira como analisa, sem nunca levantar qualquer problema, a roupa que a nossa editora de moda escolheu para ela. “Tenho muito cuidado com a maneira como a minha imagem é gerida. Isso passa pelo que gosto de ver e pelo que jamais me arrependerei de fazer. Quando faço uma fotografia gosto de ter a certeza que os meus pais vão poder ficar orgulhosos. E, acima de tudo, sempre numa linha que tenha a ver com a minha personalidade”.

Recentemente, esteve envolvida numa polémica resultante de um editorial que fez para a Playboy portuguesa, onde aparece suficientemente vestida para deixar indignados os que queriam ver mais. “A mentalidade portuguesa ainda não está preparada para receber isso. Se eu fosse uma atriz no Brasil, com os mesmos anos de carreira que tenho em Portugal e com a mesma notoriedade, seria mais um editorial, mais uma produção. A mentalidade do Brasil é completamente diferente. Tens pessoas como a Vera Fischer que já fotografaram completamente nuas e é-lhes indiferente”, justifica. Não é que Rita Pereira tenha medo de ser julgada por aquilo que é na realidade, mas este é o seu trabalho e, nessa área, não leva as coisas de ânimo leve: “É a minha carreira. Se for a “Rita“, é diferente. Quero lá saber que as pessoas me vejam na Feira de Carcavelos ou a comer numa tasca! Sou eu e eu adoro feiras e tascas, mas enquanto estou a trabalhar – e isto é um trabalho – penso no meu público. É graças a eles e ao facto de gostarem do meu trabalho que continuo a trabalhar. Se enlouquecer e fizer uma coisa que não tenha nada a ver comigo, eles não vão gostar e não vão querer ver-me a trabalhar“.

Parece que foi há pouco tempo que a vimos estrear-se em televisão, mas já lá vão nove anos. Antes da televisão, já sabia o que era ser atriz, depois de uma experiência de cinco anos de teatro amador. Mas foi a sua carreira de manequim que lhe proporcionou ser hoje uma das caras mais conhecidas da televisão portuguesa: “Convidaram-me para tirar um curso de manequins na escola da Ana Wilson e comecei a gostar de moda. Nunca trabalhei muito como manequim de passerele. Foi sempre mais fotografia e publicidade, porque não sou muito alta e tenho formas. Comecei a trabalhar como manequim com 15 anos, num catálogo de bikinis”. Da moda para a televisão foi um saltinho: “Ainda recebi uns quantos “nãos”, mas foi uma coisa muito natural. Comecei a trabalhar muito em publicidade e a minha agência começou a perceber que era sempre escolhida para os castings que tinham acting. Então, enviaram-me para o casting dos “Morangos Com Açúcar” e fiquei logo”.

Ser atriz não estava nos seus planos. O seu sonho era outro e, pelo caminho, ainda se licenciou em Publicidade e Marketing: “Queria ser bailarina. Sou apaixonada por dança, é o meu “mundo à parte“. Fiz ballet durante 10 anos e depois passei para o ragga, hip-hop, danças latinas e dança oriental. Fiz um bocadinho de todas as danças. Ser atriz foi um acaso. Claro que sempre gostei muito de representar, se não, não teria feito teatro amador, mas nunca pensei ser atriz e muito menos que chegava a ser escolhida para uma novela”.

A verdade é que foi mesmo escolhida e é uma presença bastante assídua na ficção nacional. Acaba de gravar “Bairro Estrela Polar”, uma série policial de Francisco Moita Flores, onde desempenha o papel de uma polícia infiltrada num bando de traficantes de droga. Em 2011, fez o seu primeiro trabalho internacional na sitcom “Living In Your Car”, uma co-produção luso-canadiana: “Foi maravilhoso! Fui mesmo ao Canadá para fazer o casting e fui escolhida entre muitas raparigas de muitos países diferentes. Ser escolhida num casting internacional é brutal! Fiquei mesmo muito feliz. Correu muito bem, a equipa era óptima, trataram-me muito bem e tinha uma roulote só para mim! Foi muito “hollywoodesco“.

Em 2008, depois de protagonizar a novela “Feitiço de Amor” e de ver o seu trabalho reconhecido na 1ª Gala da Ficção Nacional, mudou-se temporariamente para Los Angeles para estudar no Lee Strasberg Institute, por onde passaram nomes como Marilyn Monroe, Robert DeNiro e Angelina Jolie: “Existem vários métodos e queria estudar o do Lee Strasberg. Em vez de fazer um workshop noutro sítio qualquer, resolvi ir mesmo para a escola do Lee Strasberg. Já aprendi vários métodos e uso um pouco de cada um deles. Gostei muito deste e influenciou-me bastante, talvez na evolução da personagem da novela anterior “Meu Amor”, para esta (“Remédio Santo”). Antigamente, as pessoas abordavam-me na rua para me dizer que gostavam muito de mim e agora dizem que gostam muito de mim e que gostam de me ver representar”.

A participação em “Living in Your Car” parece ter sabido a pouco: “Gostava de ter o desafio de trabalhar lá fora, quer no Brasil, quer nos Estados Unidos. Isto não quer dizer que não goste de trabalhar aqui – adoro Portugal e gosto de trabalhar na minha língua materna”. No entanto, está ciente das dificuldades que encontraria se pretendesse dedicar-se a uma carreira internacional: “Quando vivi em Los Angeles tive a noção que é muito difícil trabalhar e vencer em Hollywood. Tem que se ter muita força de vontade, principalmente no meu caso. Neste momento estou a um bom nível em Portugal. É preciso muita coragem para se largar tudo e recomeçar do zero”.

Não me posso rir, se não isto parte-se”. Rita tenta combater a vontade de rir para não desfazer o lipsticker que a maquilhadora lhe colou nos lábios. Depois de posar com um vestido Marc Jacobs que a faz parecer uma musa futurista. Na vida real, o seu estilo é eclético: “Não sigo ninguém e misturo muita coisa: gosto de um estilo romântico, mas no dia a seguir sou capaz de me vestir toda de preto, com caveiras e tudo mais. Tenho um estilo um bocado “Rita”, que vem do meu estado espírito. Não é de todo um estilo simples e flat, nem com linhas muito retas. Gosto de pormenores. Gosto de vestir um vestido preto e depois usar uns pormenores diferentes. Isso é que faz o meu estilo”.

Menciona o libanês Elie Saab e a italiana Miuccia Prada como alguns dos seus criadores preferidos mas diz que se identifica mais facilmente com coleções do que com os próprios criadores “Adoro esta última coleção de Dolce & Gabbana. É a minha cara, mas nem sempre gosto das coisas deles”. Só há um nome sem o qual não consegue passar – Jeffrey Campbell: “Já não consigo usar outra coisa para sair à noite”.

Terminada a sessão fotográfica, Rita Pereira regressa à roupa que trazia antes da sessão fotográfica: um vestido preto comprido, camisa de ganga, biker boots e um pulso cheio de pulseiras – os pormenores a que se referia na entrevista. Bom senso e dedicação ao trabalho: este é o estilo “Rita”. O resto são pormenores.

(Cliquem nas fotografias para verem na galeria)

fonte: Nstylemag.com

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